Dançar um ballet de repertório é um marco na vida de qualquer bailarino e embora todo bailarino possa dançar uma variação, nem todo bailarino está preparado para dançar uma variação (principalmente nos palcos).
Uma variação exige muita técnica, maturidade e interpretação, afinal você não está apenas dançando, está interpretando uma história. Dançar um repertório é sinônimo de comprometimento, estudo e responsabilidade!
Se você está treinando uma variação apenas como um exercício , como parte do seu programa pedagógico essas dicas vão te ajudar muito, mas se você está se preparando para levar esse ballet aos palcos essas dicas são FUNDAMENTAIS!!!
Estude a teoria: de que ballet é essa variação? Quem é esse personagem? Em qual momento do ballet essa variação é dançada? De que Cia é a versão que você está ensaiando? De quem é a música? Quem é o coreógrafo? A resposta para essas perguntas você precisa ter na ponta da língua!
Domine os movimentos: o ideal é escolher uma variação que não tenha muitos passos desconhecidos ou que você não sabe executar. Uma variação já é um desafio por si só, se você pega para ensaiar algo muito fora da sua realidade tecnica vai precisar de muito mais ensaio e na maioria das vezes não vai ser suficiente. Tenha domínio dos movimentos que você precisa executar, muitas vezes treiná-los individualmente é mais eficaz do que repetir a variação 20x no mesmo dia.
Ouça a música: conheça a música tanto quanto você conhece as músicas do seu cantor favorito. Ouça ela várias vezes, tente encontrar os acordes e os instrumentos, depois escute imaginando os passo encaixando nas batidas... escute a música a ponto de conhecê-la tão bem que nenhum acorde seja novidade ou tire a atenção daquilo que você está fazendo.
Treine a interpretação: não dá pra dançar Don Quixote com a energia que se dança Giselle ou dançar de Gata Branca e querer brilhar mais do que a bailarina que interpreta a Aurora. Saiba se seu personagem está triste, feliz, entusiasmado, enciumado, cansado, energético, confiante, inseguro... deixe a plateia perceber que não é "só" uma dança.
Se a parte principal da variação não sai, melhor escolher outra: simples assim! Toda variação tem um passo ou um momento característico, se você não consegue executar ou não é seu perfil, melhor escolher outra variação; ninguém quer ver Esmeralda que não bate o pé no pandeiro ou Basílio que não gira bem as piruetas.
Na dúvida, menos é mais! Melhor apresentar uma variação mais simples e bem executada do que querer "brilhar" e acabar não conseguindo dançar.
Ah! Não podemos deixar de lembrar que nenhuma variação foi feita pra criança dançar então vamos parar com essa história de que meninas de 14/15 anos estão velhas para dançar determinados ballets pois em cias profissionais normalmente os bailarinos são maiores de idade e seguem dançando Harlequinade, Fairy Doll, Fadas de Bela Adormecida, La Fille entre tanto outros ballet popularmente (e erroneamente) atribuídos a crianças.
Bônus!
Por favor, sem crianças dançando variações como Esmeralda, Carmen, Cisne Negro e outros ballet com temática e interpretação mais madura e adultas. Criança tem que ser criança, quando elas crescerem terão bastante tempo para dançar coreografias que exigem uma interpretação mais medida e feminina.
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